06/12/2010

Pupilas e pulsação.

Dentro das teorias sobre o amor há um pluralismo de idéias iniciais com um mesmo fim: felicidade. Não dá para ser feliz o tempo todo. Não se ama o tempo todo alguém, a não ser que ele te seja servido diariamente. Como regar flores, sabe? Amar alguém está muito além da matéria; da inspiração dos sentidos. Tu amas por um motivo tão íntimo que mal consegues transformar em palavras.
Palavras e sentimentos são inversamente proporcionais, porque sentimentos deveriam ser anônimos. Nem o exterior da caverna que venda os olhos é capaz de descrevê-lo. Tu não o sabes, mas queres transformá-lo em um corpo; num rosto. Objeto. Desposá-lo até exaurir a tua quota. Tu o vês e o sentes. Nessa ordem.
Amor não tem um conceito, embora pareça fácil descrevê-lo poeticamente. Ele não existe! Nem mesmo o verbo, até que haja antônimos eficazes. Ao contrário do que a maioria pensa, o amor não nasce entre dois seres. Não! Isso é boato! O amor atormenta a solidão. Ele grita por ter sido esquecido; desconhecido. Amor não é bom. Nem ruim. É como um tornado; um gigante invisível condensado pelo o que ele arrasta consigo. É desastre. É recomeço.
Ah, os olhos erram tanto! Olhos roubam de ti a espontaneidade; a liberdade. É como um grande espião do teu cérebro — o grande senhor das escolhas —, que também ouve, toca e beija quase que concomitantemente. O cérebro espalha a novidade por todo o teu corpo acompanhando a trajetória sanguínea. Deus, taquicardia que te faz lagrimar! É sublime! E, no silêncio, ele pulsa. O pequenino coadjuvante que protagoniza só nas cartas que tu escreves. Teu coração é só um súdito guiado pelos cochichos chicoteados pelos teus olhos. O belo, a estética. Um caráter descascável. O que a epiderme acalenta.
És mesmo capaz de amar até a última gota; além do toque; além do beijo; além das cartas? Saberias descrever o outro apesar do tempo e da distância? Amas o suficiente para deixar o outro ir, como num grande efeito borboleta? Teus olhos resolutos negam. Perderias os demais sentidos  fechando os teus olhos. O teu amor é uma escultura palpável; visível. Tu amas. Não vês, não tocas. Tu choras. Te enganas.


Publicado no site Café Colombo.
Publicado no site República dos autores.

5 comentários:

  1. Amar é utopia? Não, é reconhecimento. Algo que já não temos idéia do que se trata. Tu sabes porque sublimaste em palavras a tragédia que vivemos

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  2. Você me deixa até sem palavras...
    Adorei, você consegue demosntrar o seu grande valor!
    Parabéns

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  3. =D
    Aprendi ver o amor de uma outra maneira agora, acho que melhor! =S
    Tens sua opnião sobre o tal falado "amor", pareçe ser mais que palavras, tem que haver mais que palavras.
    Cada vez que leio um texto seu sinto um revigoramento de idéias em minha mente!
    Você sempre arrebenta nas palavras.
    Obrigado por elas! ^^

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  4. Lacrimejar...

    Muito bom, parabéns!

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