24/12/2012

Donun Vitae


Não vim desejar-lhes um Feliz Natal, nem um Próspero Ano Novo. Não vim dizer-lhes que espero isso ou aquilo, que envio orações desesperadas pelas vidas de vós ao Nosso Senhor, porque eu tenho senso. Desfaçam essas caras de sofrimento, levantem essas carcaças cansadas por sabe-se lá o que. O cansaço existe, porque ele mesmo convém a vós.
Torçam seus pescoços cada vez que murmurarem por misericórdia; por chuva de soluções. Parem de chorar; de pedir. Curvem-se e rezem, orem, cultuem aquele que realmente permitiu que o Natal existisse.
A vida é uma história como outra qualquer. Tenho a sensação de que somos ligados quase tão somente pelo início e pelo fim dessa história. Eu bem sei que somos mesmo tantos “objetos-quase”. Quase qualquer coisa.
A linearidade da vida é, em sua substância, tênue. Os antagonismos devem ser aceitos. Há de haver os alicerces, bem como há de haver o que alicerçar. Os outros são, destarte, necessários. Meus queridos indesej(áveis)ados, eu os amo.
Os sonhos são a resposta às perguntas humanas. As perguntas estão encarregadas das verdades. Estas que são uma das maiores preocupações humanas são respondidas em suas próprias interrogações. A sinceridade é uma grande especulação, digamos.
Contos de fadas não existem. Os laços criados pela vida e desfeitos por ela própria determinam a narrativa de uma boa história. Tudo acaba para que haja saudade. E há saudade para que se possa esquecer, ainda que tão somente traços faciais; cenhos franzidos.
Lembrem-se dos abraços, sorriam para seus devaneios e agradeçam. Nem mesmo o óbito é tão funesto quando a renúncia do deleite desta única jornada. Feliz Vida!