10/10/2010

Fé de barro.


Vejo um mar vivo
O arcebispo sussurrando a esperança
A Mãezinha na Berlinda
Com seu manto burguês
Lágrimas, risos
Porque a fé está lá
Guardada! Trancada!
Velada pela sinceridade infantil
E a procissão caminha
Com destino sabido
Definido pelas promessas
Que aquela mimosa imagem fez
Ave, ave
Um “salve-se quem puder”
Troca-troca que Deus não quer
O teu Círio é feriado
Uma máscara de Fevereiro
Por que tu gritas?
Teu desespero é inútil
Neste ano fútil
Que deixaste passar
Vai! Continua olhando, rezando.
Religião bonita
Maria, Maria
Fotografia artesã
Para ser lembrada
Não adorada
Ela não está na Berlinda
Que tu esvaziaste
Com a tua fé de... Barro.

07/10/2010

Sê feliz!

Estampa em teu rosto
Um sorriso sarcástico
Joga fora
Teus sentimentos de plástico
Uma vida em vão
Para quê tanto desgosto?
Sê um pobre palhaço
Um louco, mais leve. Solto
Ninguém merece as tuas lágrimas
Ninguém merece o teu silêncio
Chora!
Cala-te!
Sê como uma nota musical
Assim: indesvendável
Sê interpretável
‘Pra ninguém te achar
Camufla-te nos olhos alheios
Olha-te no espelho
Quando quiseres voltar
Voltar a ver tua alma
Esquecer as caras, palavras
As cartas que te escreveram
Não! Faze melhor!
Lembra-te deles!
Só dos bons momentos
Guarda a caixa dourada
Vive tudo de novo!
Ignora-os, agora
Tem o que eles eram!
‘Pra tu seres mais
Ei, sê feliz!

05/10/2010

Eu desisto!

Não que eu nunca tenha pronunciado esta frase antes, mas, a bem da verdade, é penoso assistir ou viver as consequências que, até mesmo, a interpretação mais inócua desse verbo aí, que qualquer um é capaz de conjugar, pode trazer.
Sabem o que eu vejo? Eu vejo talentos exaurirem, amores definharem, certezas incertas e corações vazios. Pior: mentes vazias! Eu vejo saudade existir só por preguiça. É, seus preguiçosos! Vocês são os amigos mais displicentes do mundo! É odioso lembrar daquele tempo em  que nós nos víamos sempre e saber que não era por amor. Ora, agora vão dizer que não se sentiam OBRIGADOS a freqüentar o colégio?
Eu sempre tenho alguéns de reserva agora, no caso de eu, do nada, desamar certas pessoas. Desamar é um neologismo sacana que as pessoas chamam de verbo. Eu também, agora. Amo ninguém, porque ninguém me ama. Isso não é crise existencial. Isso é a verdade que eu criei ao lembrar que eu já olhei nos olhos de alguém que, do nada, me virou as costas. Não ligo!
Se tu és insubstituível ‘pra mim hoje, o fulano também é. Não amo vocês. Repito: NÃO AMO VOCÊS! Mas eu não desisto. Não, eu sempre faço melhor. Eu respiro esses verbos que vocês conjugam levianamente. Eu respiro o amor. O meu, o teu e o do fulano também.