31/03/2009

Além do tribunal

Exigimos que a justiça seja feita e esperamos que, ao bater aquele martelinho, o juiz favoreça a nossa causa. Caso percamos...: “Injustiça!”. Será que somos justos? Só pensamos em justiça quando se trata de tribunal. Imaginamos que são aqueles homens que devem ser perfeitos. Que tal falarmos da tal justiça com as próprias mãos ou condições de vida dos presos nas penitenciárias? Será que é justo ser justo desse jeito? E os direitos humanos? Acho que são só para os presos. Eles têm direito de assassinar e serem bem tratados. Certo? Quais os direitos da vítima? Que Deus a tenha num bom lugar. O problema é simples: ninguém faz jus à justiça.
Imaginamos a justiça da seg
uinte forma: juiz e seu martelo, advogado bem pago para ganhar a causa e bandido na cadeia. Estamos equivocados novamente. A arte de ser justo é passada de pai para filho. É uma questão de caráter. Mas quem vai dizer não às notinhas preciosas? Corrompemos e somos corrompidos. O dinheiro sempre “pesa” mais.
A justiça existe, mas individualizamos este conceito, adaptando às nossas necessidades e acabamos sendo injustos, porque nosso egoísmo é mais forte que qualquer princípio.

Não é preciso cursar direito para ser justo. Ninguém sabe por que alguém é capaz de matar. Uns roubam para não fazerem doutorado em carpintaria; outros porque não têm chance; outros por hobbie e assim va
i. As pessoas percorrem um caminho que vai de encontro ao que sua moral exige. A justiça não é dever somente do juíz ou do advogado. A justiça existe, mas todos inibimos o seu propósito, independente de qual função exercemos enquanto membros da sociedade. O fato é que precisamos ser justos muito além do tribunal.

29/03/2009

Não é meu parente

O egocentrismo é uma característica que define o homem de uma forma geral. Sim, somos egocêntricos às vezes sem notarmos. Se para todas as regras há uma exceção, esta é uma: não há exceção para o egocentrismo.
Não nos importamos com as dores do mundo, efetivamente, às vezes fazemos um discurso para impressionar: “Será que ninguém se importa com as crianças da Etiópia?”. As atitudes humanas sufocam, pois exageramos ao fazer “o bem” para recebermos em abundância. A verdade é que o cantor quer vender e a televisão quer audiência.
Ser humano é ser indiferente, pois queremos assim. A hipocrisia impera: “Parabéns, Gugu!”. Tudo escolha nossa, de mais ninguém. Se abolíssemos a miséria... : “Silêncio! O capitalismo corre perigo!”. Não, não. Péssima idéia. Nos dispomos a seguir um caminho tão individualizado que chega a ser coletivo. Não, não é um paradoxo.
Chega a ser penoso observar certos feitos humanos, os quais imaginam que vivem extraordinariamente. O que fazer por alguém que vive uma felicidade aparente? Nada. Aliás, nem é meu parente!

Predador incomun

O que os seres humanos representam neste mundo nada virtual é uma classe que progride com base na regressão (ele destrói a natureza que o abastece e compõe a vida). As inovações tecnológicas matam, indo de encontro com o que deveria ser ideal: salvar. As guerras proliferam do berço dos países que pregam a paz mundial.
O país que possui o título de mais desenvolvido é elogiado pelos homens de outros países, os quais almejam a posição daquele. “A inveja mata”, dizem os populares e isso, de fato, ocorre. O mundo virtual tem mais prioridade que o real, pois oferece excedente aos senhores milionários ou bilionários. É, a paz tornou-se máscara para lucrar e destruir. Teria o homem se tornado predador de sua própria espécie? O que importa para aqueles que lutam em conflitos que seriam desnecessários se o homem conversasse mais ou se compreendesse mais? Não. Dinheiro e mais dinheiro.
Destruir o que necessita para sobreviver é uma atitude tão desinteligente, que todos copiam. As pessoas tornaram-se robôs, pois seguem uma única linha, obedecem a “evolução”. Evoluir para quê? Ser rico demais para quê? A vida é um ciclo, ou seja, tem começo, meio e fim. Para onde vão todas as notas verdes no final de tudo? Os outros animais ririam de nossa espécie?
Vão, os seres humanos, um dia, respirar gás carbônico, alimentar-se de tecnologia ou estudar uma forma de produzir oxigênio e água potável? As pessoas e somente elas são responsáveis por seu destino, são responsáveis pelo tesouro natural (que é verde como as notas de dólares). A consciência não é uma virtude adquirida. É natural. Ser um predador incomum deveria ser algo irreal.

28/03/2009

A crise

Não só os Estados Unidos, mas todo o mundo enfrenta uma crise que afeta as estruturas que foram, minuciosamente, construídas durante anos. Sim. Homens trabalharam arduamente e vêem tudo escapar entre seus dedos. Pena deles? Não. Eles desenharam a planta da destruição. A crise econômica passa. Sorte. Mas o espaço natural nem existe mais.
O olhar capitalista ergue as estruturas para o comércio e assina a sentença de extinção da naturalidade. Não precisamos agir naturalmente. As máquinas fazem por nós. Somos animais racionais, mas a razão é ausente enquanto a discussão é quem vai ganhar mais que o outro. Ganhar mais dinheiro, enfatizo. Alguém perguntou aos outros animais se eles se importariam se nós destruíssemos seu habitat? Matamos. Somos assassinos sem querer ou por querer. A verdade está implícita nos devaneios dos que ascendem através das ruínas produzidas por eles mesmos. Sim. É irreversível.
Dinheiro atrai felicidade para aqueles que permanecem com seus olhos por detrás das vendas impostas pela sociedade. Meu Deus, a sociedade é dos ricos e ninguém enxerga isso! O povo, com a justificativa de impotência, tranqüiliza seus anseios. Faz isto sem saber que a impotência é uma escolha. Calar é consentir.
Almejar que os homens trabalhem em sintonia a favor de proteger o meio natural (o que restou) inspiraria uma bela piada. Passamos, neste momento, pela pior crise que afetará a existência no mundo e não é a dos Estados Unidos; é a crise da humanidade e da naturalidade. Parabéns para nós, os intelectuais da destruição.