11/04/2011

Vεπτιgεµ.

Fonte. Da juventude. Do recomeço. Viver apesar de; não além de. Amizade é secar o copo testado pelo gole singelo da outra parte. É cochichar hostilidades para curar moléstias e vociferar elogios para exibir tal êxito num processo seletivo promovido por nós. Amizade é beijar de longe os lábios; ser o oposto mais compatível. É recortar com tesoura sem ponta. Moldar.
Amizade é compreender que é necessário saber e expor nossas qualidades sem censura. É a coragem emprestada do medo de saber segredos suicidas. Amizade não é gritá-la, mas gritar a alma do amigo. É um amor inventado; uma descoberta. É amor totalitário. É o silêncio quebrado pela voz ocular. É a eternidade resguardada pelo relógio cerebral, porquanto a memória é incubadora dos amores prematuros.
Os amigos dominam os nossos cinco sentidos. A gente ama com os olhos; ouvidos; narinas. Com a boca e com o corpo. Amizade é o teatro verossímil. É certeza; desafio. Amigos de verdade não conseguem criar uma defesa contra o outro. A amizade é assustadora, porque é um jogo limpo; uma pétala de vidro.
É vida. Estar dentro. Amizade é tatuar os pulsos. A tristeza de um amigo nos convida e nós convidamos sua alegria. Amor platônico é transcender a oferta apesar do outro. Amigos sempre sabem dosar. O amor de um amigo não é alegoria, mas samba-enredo. Os amigos nos mantêm vivos. Amizade concreta sabe preencher espaços vazios. Amigos são os espinhos ornamentados com as rosas mais belas.
Mas os sentimentos não são mais preservados, porquanto as pessoas desistem em detrimento de seu ócio emocional. As pessoas mudam e não mais se reconhecem no outro. Somos mutáveis pelos outros. Mutantes. Você, hoje, desama pessoas. Somos todos agiotas de nossos próprios sentimentos, aguardando, ansiosos, alguém devolvê-los.