12/09/2009

A alma do masoquista

O masoquista caracteriza-se por apresentar comportamento agressivo e submeter-se a traumas mentais ou físicos implicados por desequilíbrios emocionais. Os sentimentos movem as pessoas, logo, se eles estão em desequilíbrio, é como fechar os olhos e pôr em prática a pena proveniente de um auto julgamento. A abstração que os sentimentos carregam provoca incerteza e divergências entre pessoas que citam seus pensamentos (algumas com algum fundamento; outras, deliberadamente). As perguntas sem respostas provocam mobilidade, pois o mundo é movido por elas. Um emaranhado de sentidos, a multiplicidade que confunde, as idéias que colidem, as suposições incertas que falseiam ter descoberto algo oculto. O que seria o masoquismo? Sentimento ou característica? Solução ou profilaxia?
Procura-se encontrar uma cura para os desequilíbrios psicológicos, mas, para isso, é preciso penetrar na alma de quem está submetido à análise. Deve-se perceber o que as palavras podem traduzir. O masoquismo é um estado de loucura que pode ser compreendido como uma valorização da abstratividade (como se a alma fosse mais importante que o corpo. Se a alma está machucada, o corpo não carrega sentido algum).
As múltiplas definições acerca do masoquismo confirmam que há oscilações entre benignidade e malignidade deste estado. Sentimentos são, normalmente, comparados a características e relações adquiridas enquanto membros sociais e isso implica em desgastes psicológicos, tornando os indivíduos vulneráveis a surtos momentâneos ou permanentes. Há definições que apontam o masoquismo como característica humana. O homem tem uma forte característica competitiva, o que pode propiciar auto exigência doentia. Aprendemos ao longo dos anos que acertos fortalecem e, quando nos submetemos a erros, ainda que sejam comuns, nos acanhamos. Nos punimos. “O que os olhos não vêem, o coração não sente” é uma frase concernente ao masoquismo sentimental que exige que os olhos levem a nossa alma a sensação de compaixão diante de determinadas relações sociais. Há satisfação em presenciar a felicidade alheia, não sendo suficiente a felicidade pessoal.
O masoquista enxerga, vive, pratica e condena o sofrimento. O masoquismo é uma escolha. Perdas e danos são inadmissíveis. O egoísmo encontra a lembrança do fracasso. Afirme que alguém com tais características é masoquista, mas entenda que nós estamos condenados a participar do grupo de pessoas que se auto torturam. Pois, deveras, a natureza de nossas almas é masoquista.

26/06/2009

Tributos a Michael Jackson

Após a morte do rei do pop, Michael Jackson, surgiram ídolos lamentando e os jornais, com a sensibilidade rotineira, acompanham os processos de conservação do corpo embranquecido e, totalmente, modificado por marcas que muitos desconhecem, mas criticam. Por que teria passado aquele ícone do pop para tão radical mudança estética que poderia ameaçar a sua popularidade positiva? Poucos sabem. Michael sabia. Mas, e daí? Ninguém canta músicas como ‘Thriller’ para demonstrar que sentirão pela morte de um cantor cujas músicas sequer conheciam bem.
Alguém lembraria, com rancor, das acusações de pedofilia supostamente praticadas por Michael. Por que motivo Michael Jackson abusaria de crianças indefesas? Perturbação? Não há justificativa para atos com estes, de fato. Ninguém sabe o que carregam, as pessoas, no íntimo de suas frustrações e sentimentos de abandono ou quando as pessoas tornam-se verdadeiros receptáculos dos mais ternos sentimentos que podem ser compartilhados. O pai do pequeno Michael o abandonou, não fisicamente. As palavras que, gradativamente, diminuíam aquele que crescia através de seus esforços e talento, o faziam regredir como se crescer fosse a síntese da redução dos sonhos mais profundos que um ser pode imaginar alcançar. O “macaquinho do papai” cresceu, amou as pessoas e viu um estranho ao direcionar os olhos para o espelho e quis buscar quem aquela pessoa poderia ser. Queria poder ser diferente. O macaco que se tornou príncipe, o mais branco, o mais evoluído. O “Senhor Narizinho” foi motivado a modificar o ‘casulo’ e, de lá, nasceu o novo Michael. Ah, um prato cheio para os jornalistas de plantão. Alguém ouviu algum jornalista mencionar músicas novas do cantor? Não. Escândalo e mais escândalos. Após o abandono do rei do pop, Willian Bonner, antes dos comerciais do Jornal Nacional, anuncia: “Depois voltamos a falar mais sobre a morte de Michael Jackson.”.
“We are the world”, música escrita por Jackson e Lionel Ritchie, anuncia uma verdade desconhecida que tenta explicitar a necessidade de união mundial em prol da sobrevivência humana. Os jornais não expõem as belas ações de pessoas coadjuvantes. Dão prioridade àquilo que está na moda. Vejo os jornais exaurindo de sua função informativa, tornando-se mais ‘programinhas’ estilo “Mamma Bruschetta”. Os jornais podem ser resumidos em três palavrinhas que, então, provocam efeito: fofocas, futebol e moda. Uma pitadinha de crítica ao presidente também.
Michael Jackson só queria manter certa distância da solidão. Talvez ele tenha se sentido só, mas não era só. Não pôde ser o que queria ter sido. As pessoas depositavam nele uma confiança desconfiada. O Michael branquinho estava triste, mas conseguiu satisfazer os anseios de seu pai que criticava tanto a ‘macaquicidade’ dele. Branco como porcelana (talvez mais claro). A melanina o envergonhava, porque ele aprendeu que cores fortes eram constrangedoras , muito além da doença que manchava sua pele, e ele pôde mudar isso. Michael não parou de cantar e agradou seus fãs. Os escândalos protagonizados por ele foram expostos e isso enriqueceu os jornais. Talvez ele quisesse só mais uma entrevista para dizer-nos que ele poderia agradar aquele Michael trancado no espelho e depois abraçar as criancinhas que alegravam sua casa sem malícia. Talvez ele quisesse dizer que ele poderia ser como o “Amigo Ben”. Ele não pôde. O dia 25 de Junho será recordado por algumas pessoas, os fãs, amigos, os médicos. E Michael viajou só. A solidão compartilhava os chamados do Michael que ele sempre foi. Hoje, ao menos hoje, as pessoas podem chorar por Michael Jackson.

13/06/2009

Meus erros

Ensinam-me tudo
Eu sei nada
Ouço aplausos
E eu lamento
Riso breve. Por quê?
Alguém sabe?
Eu sei nada
São os meus erros
Porque eu sei tudo
E sei e não sei
Enganei, fingi, chorei
Odiei, calei.
Errei
As minhas verdades mentirosas
Porque os outros sabem mais
Tudo o que eu devo saber
Aprender com os livros didáticos
Ninguém sabe
E os professores ensinam
Aprendi com a professorinha
Vida, o nome dela
Pausa para meus pensamentos
Tempo curto
Culpa minha
Escrevi minha rotina
Monitoro a ociosidade
A minha ociosidade
Velocidade para alcançar
O ‘costumezinho’ que exige a perfeição
Mamãe ensinou
O melhor caminho
E eu caminho
Eu erro, erro.

06/06/2009

Deus: uma tríade.

As pessoas são inseguras e imaginam a existência de algo que lhes sirva de esteio para poderem dar continuidade ao que estão subordinadas a fazer durante o ciclo vital. Para alguns, a existência de Deus é uma verdade irrefutável e o instrumento destas é a fé que, para muitos, é ausente. Notamos a outra face. A perda da fé. As lágrimas incriminam a crença como uma perda de tempo neste mundo triste, desigual e severo. Não, Deus não existe nos corações daqueles que têm, em seu histórico vital, as marcas indissolúveis. Há algo além de Deus? Não. Talvez. Sim.
Difícil converter-se quando a vida real machuca. Sentimos a dor e Deus se torna, simplesmente, um passado que fora escrito por pessoas que nem conhecemos. Dizem que a Bíblia é a palavra de Deus, mas quem testemunhou Sua oratória? Dúvidas surgem. A fé dissolve e, repentinamente, a fragilidade subtrai as nossas experiências valiosas e tentamos sobreviver com esse medo incomensurável e a vida perde a cor; os olhos, o brilho. O que nós somos? Quem somos? Por quê? Para quê? Por nada. Os miseráveis incrédulos falecem internamente e respiram através das fontes de motivações. Motivações? Quais? Eles não sentem a presença daquele que participou de suas vidas como a luz de um amanhecer breve. Um dia brilhante que logo exauriu. A fé cede lugar à revolta e a inveja forma os vândalos e os delinqüentes. Alguém, ainda hoje, considera a origem do vandalismo uma dúvida pertinente, porque nunca pensou em como seria estar diante das dificuldades, ter tantas necessidades e ser tão difícil conter a sua indecisão entre o caráter e a fome. Alguém retruca e afirma que os delinqüentes existem por conta do comodismo dos mesmos. Como se sentiria um grande empresário diante dessas dificuldades? Os desfavorecidos clamam por uma chance; os empresários, pela constância.
Há ainda dúvidas acerca da existência de Deus, porque nenhum cientista pôde provar, apesar da evolução da qual todos se orgulham. As pessoas acostumaram-se a crer a partir do ver. Devem ser descendentes de Tomé. O fanatismo de alguns camufla a descrença, porque eles precisam acreditar na existência de algo maior para sentirem a segurança da qual temos nos afastado. Os homens são indiferentes entre si e escrevem a trajetória de suas vidas com uma caneta falha. Querem, todos, uma espécie de revolução pessoal, mas estamos ociosos quanto a isto, porque transformaram o discurso acerca da esperança em senso comum.
Deus é como um pai e permite que seus filhos aprendam a viver. Ele não abandona ou vinga-Se. Nossas vidas dependem de nossos atos passados. A vida após a morte é um mistério. Aqueles que percebem o Deja Vu vivem uma nova chance. Não viemos ao mundo para consertar algum erro. Estamos aqui para aprendermos que devemos ser felizes. Complicamos com nosso egoísmo e nossos projetos afundam, porque não compreendemos que o erro é o teste, uma prova de resistência. Os mais fortes aprendem; os fracos, definham e tentam, constantemente, ser mais do que são. Sim, Deus existe. Ele ensinou a nós tudo e se, hoje, não lembramos, é porque a nossa teimosia é antiga, bem como tudo o que sentimos.
O homem é o desafio. O desafio é pessoal. O homem não deve olhar para o passado, o presente é o que importa. O futuro é conseqüência. A vida tornou-se um emaranhado de espinhos, porque os filhos, hoje, estão contra os pais. Estão contra o Pai.

17/05/2009

UniformeMente

O uso obrigatório de uniformes nas escolas é justificado pelo fato de ser uma forma de organização. Todos ‘fantasiados’ a caráter. Nada mais que estudantes desta ou daquela escola. Alguns se destacam por conta da tal avaliação intelectual e se tornam as celebridades, os invencíveis, os mitos, os alvos de inveja, a discórdia, os cinco primeiros lugares; o sexto, um aluno qualquer. A figura de linguagem torna-se mais severa para aqueles que estão após o “mais do que”; motivo de alegria para aqueles que precedem esta expressão - comparação.
Não estamos prontos para um auto‘reconhecimento’, nem sabemos quem somos, de fato. Escondemo-nos à sombra de um colega que, supostamente, sabe mais do que nós e, na verdade, não sabe. O melhor é melhor a partir de um referencial, ilusão de superioridade que as escolas incentivam. O uniforme não surte efeito algum nas escolas, porque ele deveria ‘uniformizar’ e isso não ocorre. Segue os preceitos da Constituição. Só ele. O uniforme mascara a individualidade e poderíamos ser iguais durante cinco horas, mas não suportamos sequer este intervalo de tempo, porque os professores são seletivos, os alunos formam grupos, a escola é mista, uma brincadeira séria de jogo da memória só para aqueles que, realmente, querem seguir o sistema; “Ser alguém na vida”.
A igualdade é a mentira criada por nós, porque nós somos e queremos ser diferentes. Somos o egoísmo, a farsa.Disfarçamos vestindo o uniforme do engano. Há quem diga que, sem o uniforme, haveria uma relação discriminatória entre os alunos, porque, assim, haveria o desfile de moda “extra São Paulo Fashion Week” dos “filhinhos de papai” e os desfavorecidos sentiriam constrangimento, por conta da tal comparação que nos persegue. Somos fracos e não aceitamos o que somos, as nossas limitações. Não queremos ser felizes, queremos ser MAIS felizes.
Não somos e nunca seremos iguais. Não podemos ser, porque não haveria cor, não haveria classes, não haveria inveja, não haveria o homem. É tarde. Somos uma antítese irreversível. A nossa igualdade está escrita na Constituição e na Bíblia. A diferença está implícita, uniformemente e o uniforme mente. Iguais perante a Lei.

14/05/2009

Planos


Plano de alienação
Reality para entreter
A novela é escrita
A ignorância em evolução
O povo é coadjuvante
Aderiu à repressão

Plano de saúde
O pobre a espera
Tantos por cento ofertados
Do governo, uma atitude
Para impressionar
O pobre que se cuide!

Plano de igualdade
A Constituição ratificou
Rico e pobre, um paradoxo
Ao negro, liberdade
O povo elegeu o líder
Abandonou a comunidade

Plano de paz
O homem se contradiz
Ignorar não funciona
A guerra resolve mais
Medalha ao vencedor
Matou pelo bem dos demais

Plano de liberdade
“Sim”, disse a criança
Pondo as armas no chão
Anulando a desigualdade
Mas a criança cresceu
E o homem constrói a grade.

07/05/2009

Escala Fahren‘life’

Desde tenra idade somos adestrados, porque precisamos fugir de nosso lado instintivo. Somos nada mais além de robôs, hoje. Até há exceções, mas elas cedem quando em estado de ‘baixa imunidade’. Queremos muito o lugar daquele sem sequer olhar para o quão intenso foi o nosso avanço. Somos humildes, erroneamente; prepotentes, por conveniência. Perceber uma escala que nos cerca. Tentar entender que a perfeição, a nós, não chega, porque vivemos numa relação ‘domínio x imagem’. Sim, este mutualismo que invade a nossa arrogância para forçar-nos a pedir e atender. Temos a base e o ápice e você nem precisa invejar alguém, porque as suas ferramentas são as mesmas que concernem ao do lado.
Não há o melhor ou o pior. Há equilíbrio. Nós inventamos as pirâmides, porque nós não somos só um grupo de animais irracionais. Somos a contradição, a mentira. Fingidos. O ‘melhor’ está dormindo agora e você pode assumir seu ‘cargo’- Inteligência. Só isso – Esperar que alguém, a partir do fracasso, lhe dê um prêmio é não ser capaz de se premiar. É fugir da sua habilidade aplaudida por conta de seus vagos princípios primários . Aí você se torna um tolo, porque esconderá o seu sucesso e inibirá o que você tem de melhor para socializar. As suas lágrimas já não serão comoventes, porque você terá ofuscado o brilho dos seus olhos com a sua arrogância que se encerrará na sua ‘autodescrença’. Não, não seria o fim. Seria o momento oportuno para recomeçar, dar-se este presente. Então, tudo ficaria claro. A emoção volta a consumi-lo e você sente-se bem, apesar de ainda estar subordinado ao outro.
Tenho, eu, uma explicação para esta prisão mútua entre os homens e socializo: vivemos com base numa escala, a escala da vida, o teste dos mortais, a vida para ser vivida, a diferença a ser compreendida, o melhor será o pior e vice e versa, somos ora professores ora alunos, porque a ignorância só nos é permitida se sua duração for breve. A timidez concebe os falsos sábios, a fala destrói a dúvida e expõe a concepção de prepotência e isso é ridículo, porque é o que as pessoas verdadeiramente sábias são para aquelas que trancam seu conhecimento e se julgam melhores sem que precisem afirmar que são, porque alguém as propagandeará. Nós decidimos a que ‘grau’ devemos exceder, porque nós somos nosso único empecilho e a nossa principal motivação. Mil elogios não são suficientes quando o espelho nos critica. A satisfação pessoal é exigente quando não se admite erros. As falhas são vergonhosas e abre-se espaço para que os outros digam “você é fraco!” - pretensão-, e você não é.
A comparação é a origem dos nossos conflitos externos e internos. Há as diferenças para que sejamos úteis um ao outro, nenhum outro sentido para nossa existência. Nem entendemos isto, porque estamos fascinados pelo ‘glamour’ que tem o prestígio, só para nós. Deve ser a síndrome do ultraegocentrismo que implica em nosso esquecimento do princípio de mortalidade e imaginamos que estamos acima de tudo e todos. Aquele breve frio na barriga que sentíamos pela satisfação ao recebermos um elogio de um amador deixará de nos alegrar, porque queremos ouvir isto dos ‘grandes’. Ah, não há os ‘grandes’, idealização. O termômetro da vida aponta tantos graus daquilo que você produziu e é o que você pôde oferecer. Orgulhe-se disso, porque você abandonará a febre de ignorância que se tornou pandemia e passará a compreender, compreender-se. Viver.

28/04/2009

O cego

O cego não pode ver
Ler o Diário não o deixaria contente
Se, a realidade, ele desconhecer
Uma vida benevolente

Você só acredita vendo
O pior cego é o que não quer ver
Até então condescendendo
Para a si mesmo convencer

Entre enxergar e ver uma semelhança
Sim, o cego pode ver
Dos olhos azulados, a luz da perseverança
A corrupção desguarnecer

A verdade está exposta
As vendas vão surgindo
Aos cegos, sua visão de volta
A do espião exaurindo

Um ensaio sobre a cegueira
Alguns não puderam voltar
Seguindo a lei brasileira
Olhos resolutos tranquilizar

25/04/2009

O amor através do espelho

Não podemos vê-lo. Abstrato. Presente. Não ausente, às vezes, mas escondido. Algo que nada tem a ver com o ser, mas com o estar. O que não é para sempre, mas está para sempre conosco. Os sentimentos nos compõem. Nada seríamos sem eles. Não seriamos impulsivos. A linguagem da alma que é transcrita para exteriorizar, mostrar àquele ou àquela. Morremos,com ou sem aspas,por amor.
Ele, por outro lado, provoca metamorfose. Cadê o meu eu? Está ali; aqui. Perdeu-se. Quando viaja, deixa a sensação de confusão. Não falar sobre ele, mas com ele. Ninguém sabe o que é. Não, você não sabe, apenas sente sua presença. Há vários tipos de amor? Amor de pai, amor de mãe; irmãos; marido e mulher? Um modo apenas, amar e só. Criamos as condições. Queremos as pessoas como queremos os objetos expostos em vitrines. Não as deixamos ir, pois as julgamos nossas. Não são. Choramos ao imaginarmos que o amor acabou. O amor não é como perfume; são, assim, as pessoas. Lamenta? Eu não. Somos desconhecidos, ainda que nos conheçamos há anos.
Há um fim para que haja um novo início. Se quiser dizer algo, diga. Espere se quiser perder. Perder e não perder; fingir que perdeu ou que abandonou. Ainda está lá, aquela pessoa, no subconsciente. Não, não enforcamos as pessoas com as cordas da vida. Variamos porque enjoamos. Hoje amizade; amanhã ódio. Olhando uns para os outros, nos veríamos se não fôssemos como um retrovisor de um carro que, às vezes, não capta determinada imagem e ocorre acidente. Felizmente, acidente, para alguns; Maldito, para outros.
Não procurar semelhança no outro. Procurar e encontrar os acertos impossíveis para nós. O mais diferente possível. Completar as lacunas e não ser incompetente ao pensar que rock só combina com rock. Ver no outro sua imagem invertida. Não tentar prever uma ação correspondente à sua. Filantropia, se preferir, o que vemos através do espelho.

Justificando a justiça

Punir para perdoar um crime é a melhor medida pensada, até então, pelos homens, os quais imaginam que promover a “cura” é bem melhor que criar uma profilaxia. Perdem o controle. Erram. Erramos. Fingimos espírito de justiça e somos injustos. Educamos mal e queremos bons resultados. O dinheiro liberta e a humildade condena.
Não vemos as pessoas, pois quem vê é aquele que tem visão. Olhamos, pois temos olhos. Só. Desconfiamos do fulano: “Esse tem ‘pinta’ de bandido!”. Pode ser verdade. Alguns manipulam a justiça para provocar descrença. Confundem as pessoas ao mostrarem que estão cuidando “bem” do assassino de um ente querido por elas. Que era querido? Que é querido, pois ainda dói a perda. Para sempre, talvez. O ódio: “Eles têm que sofrer como eu sofri!”. As máscaras mais nobres são aquelas que podem ser permanentes – a “compaixão” para com as famílias -, tudo para justificar a maldade.
O objetivo do sistema de internação de infratores está sendo ofuscado pela ausência de profissionais com competência e desprovidos de controle psíquico para trabalhos desta natureza. Ser preso para quê? Para, após dois anos, voltar a assassinar? Sim, ensinam errado. Nem ensinam. Os presos apenas assistem sua esperança se esvaindo. Nada a perder. Ninguém por quem viver; abandono. O fim da linha exposto em slides de sua vida diária. Para eles, apenas, vingança, sangue, morte e triunfo. Nada mais. De volta à cadeia. O velho recomeço.
Muitos são a favor disso tudo; eu contra. Revolução? Não, prudência, acredito. As pessoas estão confusas e nem sabem o que é justiça, pois estão presas e sufocadas. Vida limitada. Copiando pensamentos. Nem sabem onde está o princípio; o fim tampouco. Começar a partir do depois, inteligência; pela base, sapiência.

21/04/2009

Se...

Se eu pudesse mudar o mundo
Se eu soubesse o que devo ser
Se eu escutasse a voz do mudo
Saberia o que fazer

Se amanhã fosse o final
Enfim a mansuetude
Se, pra viver, um manual
Saudade de minha juventude

Se a paz é a máscara dos beligerantes
Se a vida esvai-se deveras
Se o estrênuo justiceiro é instigante
Eu destruo e tu cooperas

Por fim a estática nos rodeia
Pensar não é compreender:
“Se, se, se”, o nobre falseia
O fim SE o homem aquiescer.

17/04/2009

"Não fui eu não eu!"

Talvez alguém seja culpado por tudo o que tem ocorrido em termo de segurança. Quero dizer, o que chamam de segurança. Nem sabemos mais que significado guarda esta palavra. Temos medo de tudo. Medo de morrer, mesmo sem conhecermos a morte. Quem é capaz de ouvir Danni Carlos no seu mp3 player durante o retorno da Universidade para casa? Alguém que mantém um fio de esperança ou que acredita que pode mudar a mentalidade das pessoas – Tarefa difícil, mas boa sorte! -, que não sabe a solução ou sabe. Segredo.
Um bem material ou a vida?: “Deixa-me pensar... Acho que posso deixar o celular para depois.”. Ódio dos delinqüentes? Ocorrência? O celular de volta? Imagine você num caixão e, ao invés de estar segurando um terço, seus familiares poderiam pôr em suas mãos o seu celular para que você possa telefonar e dizer como foi a “viagem”. Não, não defendo os infratores, entendo, apenas, o porquê. A culpa não é sua; deles tampouco. Infelizmente precisamos disso. Somos dualistas. Precisamos ser capazes de diferir o bem do mal, o pobre do rico, o cego daquele que pode ver. Mas isso não é uma questão de escolha, por isso não há culpados. A desordem é o problema. O medo, característica nossa, nos poda. Desconhecido é sinônimo de duvidoso. Preconceito? Sim, pode ser. Nunca sabemos quando estamos sendo injustos, pois nada sabemos acerca dos princípios alheios. Enquanto o caráter de alguns é manchado pela tatuagem feita na véspera de seu aniversário de 18 anos, há 18 anos a tatuagem do artista já não tem o mesmo aspecto por conta da pele envelhecida: “Bandido. DEVE ser bandido!”
Ah se os banqueiros fossem pobres e os marginalizados tivessem uma chance! Entenderíamos tudo. Vemos no espelho o que queremos ou o que precisamos ver, conveniência. Não percebemos os outros, porque preferimos cuidar da causa mais urgente: a nossa. Sequer sabemos quem somos ou o porquê de acontecer algo ruim, porque nos confundimos na relatividade dos nossos julgamentos. Não somos culpados, somos irracionais. Estamos enfermos.

06/04/2009

Cola, transcrição social

Muitos consideram a cola uma forma de corromper alguém. Não. Alguns colam, porque não são obrigados a aprender ou compreender o mundo. Diversão, talvez. Fechamos os olhos para a realidade e apenas decoramos conceitos. Repetimos. Colamos.
Nas salas de aula, os alunos distribuem-se em filas, ambos olhando para uma única direção e ouvindo o que seus professores têm a dizer acerca de boas questões de vestibulares passados, haja vista que não podem prever as questões do próximo. O vestibular é cola, imagino, pois quem consegue a vaga é aquele que decora mais informações durante o ano, o melhor em matemática que, por ser ciência exata, facilita o trabalho do candidato que nem nome tem, Sr. 17891. Nem sabemos escrever mais, não buscamos mais, porque é só copiar e colar (do “Google” para o “Word”). Colar não é espiar a prova do colega. Colar é repetir o que todos pensam, marcar a mesma alternativa e haver apenas uma resposta para um questionamento.
Talvez eu colasse um dia. Nunca colei, confesso. Indiretamente, talvez. Se houvesse autenticidade, as belas modelos afundariam juntamente com a tal moda, porque as pessoas teriam seu próprio “look”. É constrangedor não vestir o mesmo estilo adotado pelos outros. Pior que isto, é não marcar a alternativa “c” e perder para os “mais” inteligentes.
Colamos, porque temos medo, somos pressionados, precisamos acertar e só. Mas errar nos faz crescer e ser capazes de aprender e ensinar num mutualismo sem fim.

03/04/2009

Amy de quê?

Amy Winehouse é vista como uma mulher louca, viciada em entorpecentes ou como um lixo luxo,mas, para quem não sabe, ela é cantora. Alguns nem conhecem a tal Amy que é tão criticada nos discursos de “certinhos”, quando entre amigos, para mostrarem o quanto estão interados acerca dos “absurdos mundiais”. O conceito de certo ou errado é relativo, depende de um referencial.
Como justificar as atitudes de uma cantora que é dona de uma voz e interpretações que a levaram a seis indicações ao Grammy Awards, das quais venceu cinco? Talvez ela tenha percebido a própria vida e a importância desta. A verdade pode tê-la feito chorar. Imagino que ela gostaria de mudar, mas seus anseios são inibidos pelos outros (a sociedade). Não há pessoas com quem possa confidenciar. É impossível. Acho que ela prefere um diário ou cantar. Drogas, álcool, risos e vexames que escondem algo que nem sequer somos capazes de compreender, porque queremos julgar e só: “Louca!”
Pôr amarras nas asas de um artista não é certo. Inibir o processo de “evolução moral” é, às vezes, involuntário para quem assiste seus princípios misturarem aos dos outros heterogeneamente, porque ninguém entende. O poeta vai calar e, um dia, o compositor desiste e o cantor, o de verdade, vai guardar o segredo só para si.
Amy é uma artista e não chora; emociona-se e emociona aqueles que ouvem essencialmente o que ela tem a dizer. Cantar é como confessar. É arte. Amy evade nas entrelinhas de suas canções. Liberdade, talvez.

31/03/2009

Além do tribunal

Exigimos que a justiça seja feita e esperamos que, ao bater aquele martelinho, o juiz favoreça a nossa causa. Caso percamos...: “Injustiça!”. Será que somos justos? Só pensamos em justiça quando se trata de tribunal. Imaginamos que são aqueles homens que devem ser perfeitos. Que tal falarmos da tal justiça com as próprias mãos ou condições de vida dos presos nas penitenciárias? Será que é justo ser justo desse jeito? E os direitos humanos? Acho que são só para os presos. Eles têm direito de assassinar e serem bem tratados. Certo? Quais os direitos da vítima? Que Deus a tenha num bom lugar. O problema é simples: ninguém faz jus à justiça.
Imaginamos a justiça da seg
uinte forma: juiz e seu martelo, advogado bem pago para ganhar a causa e bandido na cadeia. Estamos equivocados novamente. A arte de ser justo é passada de pai para filho. É uma questão de caráter. Mas quem vai dizer não às notinhas preciosas? Corrompemos e somos corrompidos. O dinheiro sempre “pesa” mais.
A justiça existe, mas individualizamos este conceito, adaptando às nossas necessidades e acabamos sendo injustos, porque nosso egoísmo é mais forte que qualquer princípio.

Não é preciso cursar direito para ser justo. Ninguém sabe por que alguém é capaz de matar. Uns roubam para não fazerem doutorado em carpintaria; outros porque não têm chance; outros por hobbie e assim va
i. As pessoas percorrem um caminho que vai de encontro ao que sua moral exige. A justiça não é dever somente do juíz ou do advogado. A justiça existe, mas todos inibimos o seu propósito, independente de qual função exercemos enquanto membros da sociedade. O fato é que precisamos ser justos muito além do tribunal.

29/03/2009

Não é meu parente

O egocentrismo é uma característica que define o homem de uma forma geral. Sim, somos egocêntricos às vezes sem notarmos. Se para todas as regras há uma exceção, esta é uma: não há exceção para o egocentrismo.
Não nos importamos com as dores do mundo, efetivamente, às vezes fazemos um discurso para impressionar: “Será que ninguém se importa com as crianças da Etiópia?”. As atitudes humanas sufocam, pois exageramos ao fazer “o bem” para recebermos em abundância. A verdade é que o cantor quer vender e a televisão quer audiência.
Ser humano é ser indiferente, pois queremos assim. A hipocrisia impera: “Parabéns, Gugu!”. Tudo escolha nossa, de mais ninguém. Se abolíssemos a miséria... : “Silêncio! O capitalismo corre perigo!”. Não, não. Péssima idéia. Nos dispomos a seguir um caminho tão individualizado que chega a ser coletivo. Não, não é um paradoxo.
Chega a ser penoso observar certos feitos humanos, os quais imaginam que vivem extraordinariamente. O que fazer por alguém que vive uma felicidade aparente? Nada. Aliás, nem é meu parente!

Predador incomun

O que os seres humanos representam neste mundo nada virtual é uma classe que progride com base na regressão (ele destrói a natureza que o abastece e compõe a vida). As inovações tecnológicas matam, indo de encontro com o que deveria ser ideal: salvar. As guerras proliferam do berço dos países que pregam a paz mundial.
O país que possui o título de mais desenvolvido é elogiado pelos homens de outros países, os quais almejam a posição daquele. “A inveja mata”, dizem os populares e isso, de fato, ocorre. O mundo virtual tem mais prioridade que o real, pois oferece excedente aos senhores milionários ou bilionários. É, a paz tornou-se máscara para lucrar e destruir. Teria o homem se tornado predador de sua própria espécie? O que importa para aqueles que lutam em conflitos que seriam desnecessários se o homem conversasse mais ou se compreendesse mais? Não. Dinheiro e mais dinheiro.
Destruir o que necessita para sobreviver é uma atitude tão desinteligente, que todos copiam. As pessoas tornaram-se robôs, pois seguem uma única linha, obedecem a “evolução”. Evoluir para quê? Ser rico demais para quê? A vida é um ciclo, ou seja, tem começo, meio e fim. Para onde vão todas as notas verdes no final de tudo? Os outros animais ririam de nossa espécie?
Vão, os seres humanos, um dia, respirar gás carbônico, alimentar-se de tecnologia ou estudar uma forma de produzir oxigênio e água potável? As pessoas e somente elas são responsáveis por seu destino, são responsáveis pelo tesouro natural (que é verde como as notas de dólares). A consciência não é uma virtude adquirida. É natural. Ser um predador incomum deveria ser algo irreal.

28/03/2009

A crise

Não só os Estados Unidos, mas todo o mundo enfrenta uma crise que afeta as estruturas que foram, minuciosamente, construídas durante anos. Sim. Homens trabalharam arduamente e vêem tudo escapar entre seus dedos. Pena deles? Não. Eles desenharam a planta da destruição. A crise econômica passa. Sorte. Mas o espaço natural nem existe mais.
O olhar capitalista ergue as estruturas para o comércio e assina a sentença de extinção da naturalidade. Não precisamos agir naturalmente. As máquinas fazem por nós. Somos animais racionais, mas a razão é ausente enquanto a discussão é quem vai ganhar mais que o outro. Ganhar mais dinheiro, enfatizo. Alguém perguntou aos outros animais se eles se importariam se nós destruíssemos seu habitat? Matamos. Somos assassinos sem querer ou por querer. A verdade está implícita nos devaneios dos que ascendem através das ruínas produzidas por eles mesmos. Sim. É irreversível.
Dinheiro atrai felicidade para aqueles que permanecem com seus olhos por detrás das vendas impostas pela sociedade. Meu Deus, a sociedade é dos ricos e ninguém enxerga isso! O povo, com a justificativa de impotência, tranqüiliza seus anseios. Faz isto sem saber que a impotência é uma escolha. Calar é consentir.
Almejar que os homens trabalhem em sintonia a favor de proteger o meio natural (o que restou) inspiraria uma bela piada. Passamos, neste momento, pela pior crise que afetará a existência no mundo e não é a dos Estados Unidos; é a crise da humanidade e da naturalidade. Parabéns para nós, os intelectuais da destruição.