25/09/2012

Just

As incertezas constroem ligações que as respostas, aos poucos, acalentam sob a monotonia. Não se aprende tão rapidamente, ainda que se leia, que os questionamentos jamais devem ser verbalmente direcionados a outrem, uma vez que o verbo não consegue ser preciso ou pelo menos tão preciso quanto um par de olhos úmidos refletindo qualquer manifestação luminosa, como dois faróis denunciando a cura para alguma enfermidade intrínseca. 
O amor é bastante curioso. É o primeiro, a despeito da esperança. O seu dualismo e pragmatismo modelam seus hospedeiros, confundindo a razão para, de alguma forma, aprisiona-los num feudo mágico, do qual optam ou por um ponto final ou por reticências. 
Declaro que todos os meus amados tem ou, pelo menos, devem ter, acerca de mim, alguma opinião, avaliação ou qualquer coisa repousando ao anonimato do receio da ausência de precisão. 
Não existe solidão, porque ela mesma não conquistou sua própria coerência. Assim como não há dois amantes que ignorem a ausência um do outro, porque se isso for irrelevante, digo: se a ausência for tão somente fisicamente notada e toda a aura onipresente que os aproxima for esquecida e, desta forma, rompida, eles estarão acabados. 
Eu creio nos antagonismos, porque são eles que são capazes de justificar as verdades. É sim ou não; bom ou ruim; bem ou mal. Cada qual com sua respectiva beleza. 
O nascimento e a morte. Começo e fim. 
Parece-me que o mundo anda demasiado monocromático; que a difusão de cores, pelo menos as que eu conheço, sofreu falência. Os laços não existem. Disso eu tenho convicção. Somos, todos, o Pacífico fragmentado em gotas de chuva, que colidem nesta Terra e depois desaparecem. Somos o todo. Ma(i)s nada. 


A Petterson Farias. 

Um comentário:

  1. Tenho mudado? Mas tudo me ensina, “... não sou mais o mesmo de ontem...” dizia o mestre fingindo filosofar aos descrentes. Certo em parte descrevia uma regra. Mudança. Ah como se temia essa palavra, mas somos inerentes à sua vontade. Vivemos hoje, aquilo que foi escrito ontem. Repentinamente acontece o pressuposto, meu arqui-inimigo te arrebata de mim e te leva para longe, o longe inalcançável, a distância imaterial. Por que te deixaste levar? Acaso não sabes que ainda te quero, te queria, perto ou longe? Ele teceu a trama, obstinado, esperando o momento certo, o de incertezas, para agir. Por que tudo se contradiz? Em parte se muda e em parte se permanece. É notável. Mais sábio e seguro que ontem, ainda me encho de questionamentos e revelo minha inconformidade. Esperei-te à mesa, não vieste. Esperei-te à porta, não chegaste. O que corrói é a isenção de culpa de ambos. Em tempos de tormenta, recorres a ti mesmo, se te temes pesar a alguém, se te temes à mercê de alguém, não sei.

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